6.3.13

lacunas

Uma das características mais proeminentes do lado esquerdo do cérebro é sua habilidade de tecer histórias. Essa porção de contador de histórias do centro de linguagem é especialmente projetada para dar sentido ao mundo que nos rodeia, tendo por base quantidades mínimas de informação. Ela funciona valendo-se de quaisquer detalhes disponíveis e trabalhando com eles, e depois os urde em formato de história. O mais impressionante é que o lado esquerdo do cérebro é brilhante em sua capacidade de criar coisas e preencher as lacunas existentes entre os dados factuais. Além disso, durante o processo de gerar uma história, o hemisfério esquerdo é genial em sua habilidade de forjar cenários alternativos.
(...)
Quando os centros de linguagem de meu hemisfério esquerdo se recuperaram e se tornaram novamente funcionais, passei a dedicar muito tempo à observação de como meu contador de histórias tirava conclusões tendo por base informação mínima. Por muito tempo, considerei cômicas essas táticas. Pelo menos até perceber que o lado esquerdo de minha mente realmente esperava que o restante de meu cérebro acreditasse nas histórias que ele criava! Durante essa ressurreição do personagem e das habilidades do lado esquerdo, tem sido extremamente importante que eu retenha a compreensão de que esse lado de meu cérebro está fazendo o melhor que pode com a informação de que dispõe para trabalhar. Preciso lembrar, porém, que há enormes lacunas entre o que sei e o que penso saber. Aprendi que tenho de ser muito cautelosa com o potencial do meu contador de histórias para formular drama e trauma.

Jill Bolte Taylor, 'A Cientista que curou seu próprio cérebro'

11.4.11

fame = broadcast era?

A few years ago internet researcher David Weinberger attempted to explain the differences between broadcast fame and internet fame. Fame, he says, is a product of the broadcast era. Fame is built on the assumption of one to many communication — that I am able to speak to all of you, but you’re not able to speak back to me. According to Weinberger, Internet fame is completely different – it is participatory. On the Internet Televisa doesn’t get to decide who is famous — we all do. People are made famous because we cite them on Twitter, we link to their blog posts and videos.

Andy Warhol once said that we all wanted to be famous for 15 minutes. That is, we all wanted to receive our limited 15 minutes of broadcast fame on television or radio. David Weinberger says that on the Internet we will all be famous to 15 people – those who follow us on Twitter, YouTube, and our blogs. It is a democratic & egalitarian view of how attention is distributed on the Internet, but, in fact, it rarely works out that way. A new study of Twitter content consumption by Yahoo Research found that more than 50% of the content that is actually read on Twitter is produced by just .05% of users. In other words, there are around 20,000 elite users who are responsible for more than half of what is read on Twitter.

el oso

3.11.10

contentes

"O problema é que eu acho que estamos contentes.
'O que é estar contente?'
É essa ilusão de que a crise não vem, de que existe uma situação estável que vai durar, uma sensação de crédito fácil e abundante pra comprar o carro e a televisão em 70 vezes. A ideia de que você não precisa organizar militantes para obter conquistas, porque tudo pode ser negociado no âmbito do mercado, das instituições de crédito. Essa sensação."

José Arbex, Caros Amigos, setembro de 2010

23.6.10

atropelamento

Não por acaso a palavra já está incorporada ao uso cotidiano da linguagem para expressar os efeitos da pressa sobre a subjetividade. Dizemos, com freqüência, que fomos atropelados pelos acontecimentos – mas quais acontecimentos têm poder de atropelar o sujeito? Aqueles em direção aos quais ele se precipita, com medo de ser deixado para trás. Deixamo-nos atropelar, em nossa sociedade competitiva, porque medimos o valor do tempo pelo dinheiro que ele pode nos render. Nesse ponto remeto o leitor, mais uma vez à palavra exata do professor Antonio Candido: “O capitalismo é o senhor do tempo. Mas tempo não é dinheiro. Isso é uma brutalidade.O tempo é o tecido de nossas vidas”.

maria rita kehl

15.2.10

"O realismo nasceu de nossas percepções na vida diária. Em nossas experiências do dia-a-dia no mundo, é abundante a prova de que coisas são materiais e separadas umas das outras e de nós.
Evidentemente, experiências mentais não se ajustam bem a essa formulação. Experiências dessa ordem, como o pensamento, não parecem ser materiais, que é o motivo porque criamos uma filosofia dualista que relega mente e corpo a domínios separados.
(..)
A separatividade, insiste o místico, é uma ilusão. Se meditarmos sobre a verdadeira natureza do nosso ser, descobriremos, como descobriram os místicos de muitas eras e tempos, que só há uma consciência por trás de toda diversidade.Por qualquer nome que seja conhecida, todos concordam que a experiência dessa consciência una é de valor inestimável.
(..)
Os místicos, portanto, são aqueles que dão testemunho dessa realidade fundamental da unidade na diversidade. Uma amostragem de escritos místicos de culturas e tradições espirituais diferentes confirma a universalidade da experiência mística da unidade.
(..)
Os místicos alertam que todos os ensinamentos e escritos metafísicos devem ser considerados como dedos apontando para a Lua, e não como a própria Lua. Ou como nos lembra o Lankavatara Sutra: 'Esses ensinamentos são apenas um dedo apontando para a Nobre sabedoria. Destinam-se ao estudo e orientação das mentes discriminadoras de todas as pessoas, mas não são a Verdade em si, que só pode ser autocompreendida no mais profundo estado de nossa própria consciência.'
(..)
Finalmente, tal como a ciência, o misticismo parece ser uma atividade universal. Nele não há paroquialismo. Este surge quando as religiões simplificam os ensinamentos místicos para torná-los mais acessíveis às massas da humanidade.
(..)
O misticismo implica a busca da verdade sobre a realidade final. Já a função da religião é algo diferente. A maioria das pessoas, perdidas na ilusão de separatividade do ego e ocupadas nas atividades a que o mesmo se entrega, não se sente motivada a descobrir por si mesma a verdade. Como, então, pode a luz da realização do místico ser compartilhada com estas pessoas?
A resposta é: simplificando-a. Dessa maneira, os provedores da verdade mística substituem a experiência direta da consciência unitiva pela ideia de Deus. Infelizmente, Deus, o criador transcendente do mundo imanente, é refundido na mente da pessoa comum na imagem dualista de um poderoso Rei dos Céus, que governa a Terra, embaixo. Inevitavelmente, a mensagem do místico é diluída e distorcida.
(..)
Ainda assim, a despeito das dificuldades e falhas da organização, a religião de fato transmite o espírito da mensagem do místico, e é isso que lhe dá vitalidade. Afinal de contas, o valor para os místicos de perceber a natureza transcendente da Realidade é que eles se tornam seguros em um modo de ser no qual virtudes como o amor se tornam simples.
Mas como motivar a pessoa comum, que não vivencia a unicidade necessária, para amar o próximo? (..) O método consiste de um conjunto de práticas, baseadas nos ensinamentos originais, que formam o código moral das várias religiões - os dez mandamentos e a regra áurea da ética cristã, os preceitos budistas, a lei alcorânica ou talmúdica, e assim por diante.
(..)
Chegamos, assim, aos três aspectos universais de todas as religiões:
1. Todas as religiões começam com a premissa de que há um erro em nossa maneira de ser. O erro é variadamente denominado ignorância, pecado original ou apenas sofrimento.
2. Todas as religiões prometem libertação desse erro, contanto que a 'senda' seja seguida. A libertação é variadamente denominada salvação, libertação da roda do sofrimento no mundo, iluminação ou uma vida eterna no reino de Deus, o céu.
3. A senda consiste em abrigar-se na religião e na comunidade formada pelso fiéis da mesma que cumprem um código de ética e normas sociais.
Note o dualismo básico na primeira premissa: o errado e o certo (ou o mal e o bem). Em contraste, a jornada mística consiste em transcender todas as dualidades, incluindo a do mal e do bem. Note também que a segunda premissa é transformada em cenouras e porretes pelo clero - céu e inferno. O misticismo, por outro lado, não estabelece uma dicotomia entre céu e inferno, pois ambos são concomitantes naturais da maneira como vivemos."

Amit Goswami, O Universo Autoconsciente

27.11.09

Fazenda Austrália, da Companhia Melhoramentos do Oeste da Bahia (CMOB)

(...)
Os catadores de raízes foram contratados por tarefa, ao preço de R$ 5 por hectare de área limpa. Devido às péssimas condições do terreno, as pessoas recebiam muito menos que o salário mínimo. Produziam na faixa de R$ 1,80 a R$ 2 por dia, totalizando um máximo de R$ 60 por mês - sem levar em conta os descontos pelas "dívidas" da cantina. Eles trabalhavam todos os dias da semana, inclusive aos domingos.
(...)
A soja é o principal produto cultivado pela propriedade. Por causa da violação dos direitos trabalhistas, a empresa desembolsou uma rescisão de R$ 38,2 mil. Segundo o MTE, os diretores da CMOB são Adilson Santana Borges, Claudia Vieira Levinsohn e Priscilla Vieira Levinsohn, residentes no Rio de Janeiro (RJ). Por trás deles, porém, está o empresário Ronald Levinsohn, que está à frente da UniverCidade (instituição privada de ensino superior com sede no Rio) e se envolveu no escândalo financeiro que culminou com a quebra da administradora de cadernetas de poupança Delfin, em 1983.

notícia de 26/11/2009 >
Repórter Brasil

15.6.09

matemática

Na matemática, uma matriz é uma tabela de m x n símbolos sobre um corpo F, representada sob a forma de um quadro com m linhas e n colunas e utilizado, entre outras coisas, para a resolução de sistemas de equações lineares e transformações lineares.

>> transformações lineares.. animação

Um algoritmo é uma sequência finita de instruções bem definidas e não ambíguas, cada uma das quais pode ser executada mecanicamente num período de tempo finito e com uma quantidade de esforço finita.

>> outra vez